Quarenta (1/40)
Quando tranquilamente conseguia fazer as suas escolhas, comprava os livros e ficava a olhar para eles, cheirava-os. Eram espelhinhos na mão, na rua. Em casa, voltava a cheirá-los, as tais quarenta snifadelas, e pousava-os sobre a mesa, a velha mesa de carvalho, e contemplava. Lia e deixava-os depois no sossego das estantes, alinhados nas filas classificadas a rigor. Havia livros que se escondiam, com o tempo uns mais do que outros, e custava-lhe, algumas vezes, compreender algumas presenças. Nalguns casos era o título. Rodava os olhos sobre os caracteres impressos e procurava indagar mais fundo. Nalguns casos isso durava anos, com releituras, mas acabava por negociar entendimento.
“Bibliófago”, de Abel Neves
2 Comments:
At 11:40 da manhã, Anónimo said…
Não estou bem a par do que é que se fala neste blog, (ainda estou à espera das melhores tostas de lisboa)... mas é só para te dizer que finalmente já vim espreitar!
Beijinhos e Feliz Natal!
At 10:06 da tarde, lullaby said…
Fala-se de tudo e não se fala de nada, nada de jeito… o projecto das melhores tostas de Lisboa não está esquecido. Um dia, meu amigo… um dia…
beijos
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